terça-feira, abril 11, 2006

A Alquimia Teosófica


Theo-Vox

"A ALQUIMIA TEOSÓFICA"
Loja Teosófica São Paulo 06/10/1996 Orador: Osmar de Carvalho
(Obs. O texto abaixo é uma transcrição verbatim da palestra)

Boa tarde a todos! Bom, o tema que vamos desenvolver hoje é "Alquimia Teosófica". Obviamente, vamos falar mais sobre a Alquimia de uma maneira introdutória, pois como já dizia aquele poeta "A arte é longa e a vida breve". A Alquimia é basicamente uma das chaves mais profundas para nós atingirmos a nossa busca pelo desenvolvimento espiritual. Só que a Alquimia têm uma série de coisas extremamente complicadas dentro da sua prática e também da sua teoria. Diria que a teoria da Alquimia é muito mais complicada do que a sua prática. Então, vamos tratar hoje de fazer uma introdução geral a este tema porque nós pretendemos nos próximos meses estar tratando de algumas operações alquímicas mais específicas. Assim, vamos dar uma grande introdução que visa conhecermos o terreno do que vem a ser a Alquimia e mais especificamente uma Alquimia compreendida em termos teosóficos, pois já que estamos na Sociedade vamos usar do nosso jargão conhecido. Primeiro para entender o que é a Alquimia temos que buscar a própria origem do nome, porque sabemos que dentro da cultura popular todo mundo já ouviu falar alguma coisa de Alquimia, ou já viu o livro "O Alquimista" do Paulo Coelho, ou já viu os "Cavaleiros do Zodíaco" (série de TV) estão sempre mencionando esta coisa mágica; a pessoa têm superpoderes, transforma uma matéria vil em ouro, têm o poder da transmutação, isso obviamente é um folclore que existe em torno do termo Alquimia, é de certa forma uma palavra que já está em descrédito; poderíamos colocar assim dentro da cultura popular, porque muito se fala em Alquimia e pouco se entende e muito menos se pratica deste termo, então ai o termo vai se tornando cada vez mais laico, vai caindo em usos como "Alquimia do Amor", lança-se um livro "A Alquimia da Culinária", o termo vai se tornando cada vez mais depreciado até que perca totalmente a origem, e daí perdemos totalmente o link com a origem histórica.
O termo Alquimia vai surgir justamente desse sufixo "Khem" [escrevendo a palavra na lousa] que tem haver com a Terra do Egito, o Egito Antigo; se formos olhar etimologicamente, "Khem" significa "Terra Negra" que era basicamente o tipo de solo que havia no Egito Antigo, e suponho no moderno, mas o surgimento da Alquimia remonta a toda a tradição mística, a tradição hierofântica, digamos assim, do Egito Antigo; usava-se antigamente, quando referiam-se ao Egito, sobre a terra de "Khem", ou então se falar sobre a "brisa do Nilo", sempre se referia aquela região como a área da "Terra Negra", e deste termo aqui vamos ter uma série de termos que advém dessa origem primitiva; o mais conhecido deles é o termo química que todo livro de primeiro ou segundo grau sempre tiram um pouco de sarro com o pessoal antigo porque dizem: "Da Alquimia, os alquimistas mexiam com isto e aquilo, mas ai uma pessoa mais séria veio e percebeu que havia alguma coisa real ali e formou a química".
E obviamente que a Alquimia é o termo predecessor daquilo que conhecemos como química que nada mais é do que o conhecimento dos elementos de como eles se misturam, de como há as ligações químicas e por ai afora. Só que a Alquimia era algo muito mais profundo. A primeira dificuldade que surge no estudo da Alquimia é justamente a utilização de um vocabulário muito simbólico, e até estava conversando com a (MST) Luciana neste fim de semana sobre isto, a diferença que existe entre "signo" e "símbolo", isto é uma coisa que na Alquimia é fundamental, porque o signo é uma coisa conhecida. Por exemplo se você tem uma letra, a letra "A", ou então as diversas letras, são todas signos, são desenhos que sabemos objetivamente qual é o seu significado. Agora por exemplo um símbolo, como é o símbolo da Sociedade Teosófica, ele pode até conter elementos de coisas conhecidas mas a função do símbolo é muito mais profunda.
O símbolo é um objeto que pode ser desenhado, esculpido [etc.], cuja função é de gerar um determinada função [ou efeito] dentro da psiqué da pessoa. Então quando olhamos um símbolo é diferente de olhar um signo, porque o signo nos traz uma mensagem racional direta, enquanto que o símbolo ele opera determinadas mudanças dentro da nossa psiqué, dentro do nosso inconsciente. Como exemplo disto temos a passagem de nosso amigo orador [MST Ricardo Lindemann], que foi por muito tempo vice-presidente da Sociedade Teosófica, o qual já deu conferências teosóficas por vários países ao redor do mundo, e um destes países foi no México, e lá existe um grande mural; o fulano está dando a palestra e atrás tem uma grande mural com o símbolo da Sociedade Teosófica, e ele disse que numa destas palestras ele viu exatamente esta função psicológica do símbolo atuando muito diretamente numa pessoa que estava na platéia.
Era uma jovem que se sentou, e começou a olhar aquele olho daquela cobra, que aqui está bem pequenininho mas lá está bem destacado, e a moça começou a entrar e só olhava para a cobra, e tal, quando então foi daqui a pouco a mulher teve um "piripaque" lá, caiu no chão assim, o pessoal acudiu, perguntaram para ela o que que era, e ela falou: "Não, aquela cobra está vindo para cima de mim"... Entrou em sintonia com o símbolo. Então, essa daí vivenciou um processo, até meio patológico, devido ao que o símbolo evocou nela.
E a linguagem alquímica ela é toda cheia de símbolos, ou seja, não só de signos (coisas racionais), mas de coisas irracionais, coisas que vão operar transformações dentro da nossa psiqué. Então, a primeira das coisas que os cientistas acham um absurdo na Alquimia são os "quatro elementos". Quando os alquimistas diziam que todas as coisas eram constituídas pelos quatro elementos, da terra, da água, do ar e do fogo, hoje em dia qualquer livro de ciência fala: "A química veio de uns malucos lá, que diziam que tudo era constituído de terra, de ar, de fogo e de água". Esse tipo de visão reducionista, que reduz tudo a uma visão racional, é incapaz de penetrar nas realidades que a Alquimia trabalha; nós vamos citar aqui alguns textos alquímicos que vocês vão ver que são extramamente paradoxais. Eles não se comunicam com a mente racional das pessoas. E o alquimista mais ainda. A primeira coisa que o alquimista tem que aprender é justamente não se fixar nos elementos racionais dos textos alquímicos, porque senão ele não vai conseguir atingir o objetivo a que a Alquimia se propõe. E só para esclarecer a questão dos quatrro elementos, [eles] não se referem obviamente a terra, ao ar, ao objeto em si, como a química normal...
Se você chega para um químico normal e diz assim: "mistura terra com ar, que vai dar tal coisa"... dentro dos textos alquímicos temos isso direto. Ele diz: "Não... isso não vai dar nada. Isso é uma mistura amorfa, você não tem nada ai!" Você vai misturar "água com fogo"... pronto, acabou! Porque a água apaga o fogo e liquidou com tudo. Então os quatro elementos dentro da Alquimia tem haver com os "planos de existência" que nós tratamos em Teosofia. A terra tem a ver com o plano físico e com essa nossa realidade objetiva; a água tem a ver com a dimensão astral, ou seja, emocional, da nossa existência; o ar tem a ver com a nossa mente; e o fogo tem a ver com a nossa dimensão espiritual.
Então quando eles falavam que tudo era composto por esses quatro elementos era porque ele tinham uma visão muito abarcante... aqueles símbolos que eles usam abarcam uma realidade muito maior. E qual é o objetivo? --"Qual é", vejam bem o tempo do verbo, porque hoje em dia ainda existem alquimistas, muitos deles nem sabem que são alquimistas mas são-- Qual era, ou qual é, o objetivo da Alquimia? É exatamente atingir a realização espiritual. Só que isso tudo esta velado numa tradição de manipulação de matéria.
O alquimista, como percebe aquele que tem um conhecimento mais avançado [do assunto], é aquele fulano que está dentro do seu laboratório --[sendo irônico] aquele laboratório cheio de vidrinhos com gelo seco borbulhando-- isto não tem nada haver [com a realidade]... O alquimista pode realmente ter um laboratório, inclusive os mais avançados realmente tem, porque existe dentro da alquimia a aplicação prática daquilo que é genericamente chamado de "Princípio de Hermes", ou do hermetismo, pois foi na idade média que houve uma grande revivificação do conhecimento alquímico, então se convencionou chamar esses conhecimentos alquímicos de conhecimento "hermético", remetendo ao grande Hermes egípcio, o que é obviamente uma palavra latinizada. O grande personagem Hermes, o Hermes Trismegisto, o três vezes grande, na verdade no Egito era conhecido como "Thot", mas para facilitar latinizaram o nome e ficou Hermes, e as ciências hermeticas ficaram com esse nome. Hoje em dia também, [o termo caiu em uso público] e o fulano [diz]: "Comprei um pote que é herméticamente fechado", vejam só como os termos vão decaindo para outros usos. O princípio básico da alquimia é a aplicação da Lei de Correspondência, cujo enunciado existe num texto alquímico da idade média, extramamente famoso, que é a "Tábua de Esmeraldas" onde há aquele famoso enunciado: "Quod Superius est Sicut Quod Inferius; et Quod Inferius est Sicut Quod Superius", ou trazindo, "Assim em cima é idêntico ao que está embaixo e o qua está embaixo é idêntico ao que está em cima", ou seja, há uma correspondência entre Microcosmo e o Macrocosmo; existe uma correspondência entre a matéria e o espírito; existe uma correspondência entre o homem e a divindade.
A aplicação destas correspondências é a chave da realização daquilo que é chamado na Alquimia do "Magnus Opus", ou a "Grande Obra", ou, usando um termo bem alquímico, a obtenção da "Tintura", da "Grande Tintura Mágica". E muito se tira o sarro dos alquimistas ao dizer-se: "Será que é verdade que o fulano conseguia atingir o Elixir da Longa Vida"; "Conseguiria atingir a Pedra Filosofal"... Os termos já são difícies: "Pedra Filosofal" - Por-quê será que... [risos] que se dá esse nome: "Pedra Filosofal"... "Elixir da Longa Vida" ainda dá para entender, pois deve ser alguma coisa que a pessoa prepara para tomar e viver indefinidamente. Isso tudo gera um folclore em torno desta Alquimia.
De certa forma, a pessoa que se dedica a espiritualidade ela se torna um alquimista quer queira quer não. Ela pode ser inconsciente disso, mas todos nós nos valemos desta lei de correspondência para poder atingir o objetivo... pois a pessoa que está querendo se espiritualizar ela tem um objetivo, que é o de atingir uma consciência mais ampla e os textos alquímicos, eles também fazem menção a isso. Não estamos assim muito perdidos dentro do conhecimento de Alquimia, porque hoje em dia é a época onde estes textos estão mais disponíveis... Me lembro inclusive de ter feito recentemente uma pesquisa na Internet... existe um local na Internet que possui simplesmente cerca de 1.200 tratados de alquimia, digitados, bonitinhos, para se chupar direto para o seu computador. Mas você chupa e quando vai ver são aqueles textos assim: "Mistura a coisa com outra coisa", "Esquenta assim, faz assado"... e porque? Porque aquilo são símbolos, se você não tiver uma chave de interpretação não adianta! Você não consegue ir além...
É a mesma coisa que você ver uma equação matemática: "X2+Y4.ûx"... Você lê a expressão, mas você não sabe o que aquilo quer dizer, o que aquilo ali vai dar na prática. Então nós precisamos ir fundo nisto. Existe hoje toda uma vertente na psicologia que usa o simbolismo da Alquimia para descrever o processo psicológico do ser humano. E isso começou com o grande psicóolgo e, podemos dizer até filósofo, Carl Jung, que durante as suas pesquisas --ele que era uma "traça" de biblioteca, uma "barata" de livraria, que lia simplesmente tudo que caia na mão dele-- se tornou um dos maiores colecionadores de literatura de alquimia da Europa. Hoje a sua casa na Suiça está preservada, e a biblioteca possui cerca de 600 manuscritos alquímicos.
Jung dizia que para ele, a linguagem simbólica da Alquimia era um espelho do processo psicológico do ser humano. Então vamos abranger em certa medida este processo. Podemos entrar, assim, naquilo que é o "começo da Obra", o "primeiro passo". Pretendemos nos meses seguintes abranger sob diversas perspectivas várias "operações" alquímicas, sobre as quais não vamos entrar no mérito hoje senão complicaria muito a exposição. O indivíduo pode encontrar um alquimista, mas esta pessoa pode ser inconsciente. Ela pode encontrar um "espírita", por exemplo, ele sabe que está fazendo uma transformação interna, e isso é "alquimia". Pode ser um crente, e ele lhe dirá que ele precisa se transformar. Você precisa encontrar Deus... Se Deus não habitar dentro de você, você não é nada... Estas pessoas estão indo em direção à realização da "Obra", que é a obtenção da realização espiritual, mas elas estão inconscientes do processo. No caso do espírita, ele vai te dizer assim: "Você precisa fazer a Reforma Íntima". Há sempre a necessidade de se transformar uma coisa na outra... e isso é que é basicamente a operação alquímica, e na alquimia em si tem-se plena consciência disso, de que vamos pegar uma "matéria prima", ou "prima matéria" como vemos nos textos clássicos, essa prima matéria vai ser transformada chargar no máximo, e ai é que se usa o termo alquímico que é a "obtenção do ouro". Houveram aqueles alquimistas que cairam no engano de acreditar que a "Obra" era apenas a "matéria"... Mas se o alquimista se dedicar à transformação, e ele se transformar conjuntamente, aquilo realmente acontece... e esse é um dos mistérios do hermetismo mais profundos. Só que muitos destes hermetistas perceberam que o carvão só virava ouro se eles também se transformassem numa coisa muito mais elevada.
Na nossa ciência atual, o método científico diz: É científico aquilo que partindo de uma hipótese, tomando os elementos, fazendo uma experiência e anotando seus dados, e tirando as conclusões e verificando a exatidão da hipótese e uma vez que todo o processo seja reproduzível, esse é um processo cientificamente aceito. Assim, se o alquimista pudesse sentar no laboratório de química e dizer assim: para você transformar carvão em ouro, você vai precisar tanto de tal coisa, por na temperatura tal, na pressão tal, dar uns "três pulinhos", dando esta receita, e se todo cientista que chegasse lá, e não tivesse nada com aquilo, fizesse com que o carvão virasse ouro a Alquimia seria "ciência"... O único problema é que a Alquimia é diferente do método científico. Como por exemplo no caso do Conde de Saint Germain, segundo consta em diversas biografias dele, ele andava magnificamente adornado de jóias, andava com diamantes no bolso, ao invés de pagar a conta com dinheiro ele pagava com diamante, e um dos seus passatempos era 'esfarelar' diamantes, segundo o Glossário Teosófico, era um homem riquíssimo que dava presentes para a realeza, e tudo mais, ele era um alquimista prático, e um alquimista espiritual.
Segundo consta, ele praticava toda a técnica ascética, como por exemplo o fato de ele nunca comer em público, de nunca aceitar uma migalha de pão de quem quer que fosse, e nem sequer água tomava na casa alheia apesar de comparecer aos banquetes ele ficava ali só... olhando, porque provavelmente ele tinha toda sua prática. E segundo consta, ele aprendeu toda a sua técnica na Índia, principalmente a ténica da transformação do carbono, pois é à partir do carbono, cuja versão mais simples é o carvão e a mais sofisticada é o diamante, o mesmo elemento que conforma o carvão perfaz o diamante, só que este submeteu-se a pressões e "transformações" muito grandes.
As vertentes da compreensão da Alquimia sumarizam-se na faceta química, que é a física, e tem a psicológica, e nós vamos ver exatamente em alguns textos alquímicos essa procura. Mas o começo de toda a obra alquímica é a pessoa descobrir a "matéria prima". Temos que achar a matéria prima. Cada alquimista trabalha sobre uma matéria prima diferente, e isso é enigmático. Existia (e existe) uma palavra de origem medieval que sumariza essa busca. [Escrevendo na lousa] Alguns aqui jaá tiveram inclusive um contato muito próximo com esta palavra, e que é o VITRIOL.
O VITRIOL é um sumário, é uma composição [uma abreviação] de um antigo lema dos rosacruzes medievais. Estando escrita em Latim, e cada letra se refere a uma palavra, e quer dizer o seguinte: "Visita Interiora Terrae Retificandoque Invinies Occultum Lapidem" Ou traduzindo: "Visita o Interior da Terra e Retificando Encontrarás a Pedra Oculta" Esse é o começo da "Obra", que é o visitar o interior da terra e descobrir essa "Pedra Oculta", que é a matéria prima do alquimista, e aí começa a simbologia, pois a pessoa menos capacitada vai ler isto e dizer: "É impossível!" Mas isto é um símbolo, e o símbolo da Pedra é um símbolo que vamos encontrar em quase todas as tradições ocultas, porque a pedra é o símbolo do ser humano em transformação. Vamos encontrá-la desde Moisés "tirando água da pedra", no texto bíblico, até a teoria e prática modernas da Maçonaria, tomando a pedra como símile do ser humano. A Pedra Oculta na verdade é uma dimensão da própria pessoa que ela vai descobrir; por isso que ela vai visitar o centro da Terra, ou seja, visitar o seu próprio interior. Vamos ver algumas passagens alquímicas sobre esta "Matéria Prima" da Alquimia: "A natureza serve a Arte com matéria, e a Arte serve a natureza com instrumentos apropriados e com o método conveniente para que a natureza produza essas novas formas; e embora a Pedra mencionada só possa ser levada à sua forma por meio da Arte, a forma é, não obstante, da natureza." (Alchemical Treatise of Solomon Trismosin, 18)
Aqui, então é feita uma distinção entre o fornecimento da matéria prima pela natureza e os instrumentos que a pessoa tem que usar para transformar aquela matéria. "Essa matéria esta diante de todos; todas as pessoas a vêem, tocam, amam, mas não a conhecem. Ela é gloriosa e vil, preciosa e insignificante, e é encontrada em toda a parte... Para resumir, nossa Matéria tem tantos nomes quantas são as coisas do mundo; eis porque o tolo não a conhece" (The Hermetic Museum, 1:13) Temos aqui praticamente um anátema dentro da Alquimia dizer que a matéria prima está em todo lugar, que ela é uma coisa muito simples mas ao mesmo tempo muito profunda, e o tolo não a conhece porque justamente ela esta diante do seu nariz e ele não a enxerga, e nós vemos que a natureza humana é exatamente isto.
Apesar de sermos humanos, às vezes consideramos esta natureza como algo vil, mas quando vemos um ser humano muito avançado achamos que ela é uma coisa muito gloriosa. Quando nós falamos de um Jesus, de um Conde de Saint Germain, de um artista ou de um filósofo, a natureza humana se nos aparece como algo maravilhosa, mas quando se trata de um gari ai na rua coletando lixo nós achamos ser ela uma coisa vil. E a matéria prima da alquimia é exatamente isto, e agora nós vemos isto mencionado de uma outra maneira: "Há em nossa química certa nobre substãncia, em cujo princípio a aflição rege com o fel, mas em cujo final o júbilo rege com a doçura." (Jung, Psychology and Alchemy, CW 12, 387) Este é outro anátema da Alquimia.
Ele afirma que o começo da obra é "doloroso", ele é amargo, mas o final da obra é de uma extrema doçura, de uma profunda alegria. Os alquimistas todos usavam estas expressões justamente para transmitir para pessoas que tivessem ao menos um pouco de penetração no mundo oculto, pois para a pessoa que estivesse querendo o sentido literal ela já iria descartar isto na primeira frase.
Resumindo, nós podemos dizer o seguinte: A matéria prima da alquimia é também a matéria prima da Yoga, do cristão, do espírita, é a matéria prima do teosofista, porque nós vamos estar tratando da transformaçãp da nossa psiqué, da nossa alma em algo divino. Então nós podemos adotar "n" simbolismos para isso. Podemos adotar o simbolismo cristão, o simbolismo do espiritismo, o simbolismo mucúlmano, e o simbolismo alquímico, mas sempre trataremos sobre a transformação desta nossa natureza em algo maior, em algo mais aprofundado. A psicanálise e psicoterapia são hoje basicamente isto. O que se tem hoje de mais avançado na psicologia também é a busca por uma natureza que nós perdemos dentro do nosso ser. Jung, dentro de sua psicologia, verificou que na evolução da psiqué da pessoa, principalmente através dos desenhos que as pessoas fazem desde a tenra infância, ele notou que os primeiros desenhos que as crianças fazem, dentro de uma média geral, representam sempre um círculo; é o que ele chama de o primeiro e mais importante arquétipo que o ser humano emana. Posteriormente os desenhos mostravam a emergência de um ser desde este círculo; porque o círculo é a totalidade, ele é, digamos assim, a plenitude, de onde tudo provém; então o religioso vai chamar isto de Deus, o místico vai chamar isto de divindade, o yogue vai chamar de nirvana, como o budista, e cada um de nós veio desta totalidade. Uma das coisas em que Jung é mais criticado é porque justamente ele advoga o seguinte: de que nós temos alguma coisa dentro do nosso ser que nos precedeu, que precedeu nosso nascimento físico. Eu sei que aqui nesta sala em que as pessoas são predominantemente reencarnacionistas isso não é novidade nenhuma, mas neste nosso mundo materialista você dizer que alguma coisa precede a pessoa, que é justamente o que Jung advoga, [apontando para a figura 1] o que ele chama aqui de o "Si-Mesmo", ou no original em alemão é "selbest"; ou seja, existe uma consciência muito grande, enorme, que emana quando há o nascimento de uma pessoa, o indivíduo é uma subdivisão deste grande círculo, desta grande natureza. A evolução que existe dentro deste esquema é o seguinte: o nosso "eu" nasce dentro deste grande "Si-Mesmo", dentro desta grande consciência cósmica, podemos dizer assim, --e daqui a pouco vocês vão entender o que isto tem haver com a Alquimia--; a criança nos primeiros anos ela está completamente mergulhada nesta totalidade, e é por isto que quando ela pega na caneta a primeira coisa que ela desenha é o círculo, não porque ela não tenha coordenação motora, mas sim porque ela quer representar que ela é um todo, que ela é o centro do universo, a coisa máxima, tanto é que as relações que ela vai ter com o meio ambiente são sempre relações frustrantes; ela vai aprendendo que precisa chorar para se alimentar, tem que manifestar que está com fome... com o passar do tempo esse "eu" vai saindo da totalidade e ele vai se projetando, [mostra a figura 2] e durante a infância e a adolescência nós perdemos aquele conceito de que éramos o centro do mundo, que podíamos fazer tudo que quissémos, que nossos país nos dariam tudo que poderíamos querer, nós vamos perdendo isto.
Tanto há que existem tipos psicológicos, que são identificáveis na psicologia, que não vencem essa separação. Ai temos o chamado "eu inflacionado"/"ego inflacionado". No final do processo teremos dois centros separados de consciência, teremos a totalidade, o "Si-Mesmo", e você vai ter o seu "eu" separado, [mostrando a figura 3], e isto seria a descrição de quando atingimos a fase adulta. Só que acontece o seguinte, nós sempre nos lembramos que viemos desta totalidade, sempre nos lembramos disto. Aqui temos que nos remeter a passagens como a do VITRIOL, que diz que "devemos visitar o centro da terra, e nos modificando encontraremos a Pedra Oculta". Tomando o simbolismo cristão, há a passagem em que um indivíduo se aproximou de Jesus e perguntou: "Como faço para atingir esta elevação?", "Você tem que nascer de novo, da água e do espírito"; "Mas como nascer de novo, entrando novamente na barriga da minha mãe"? A resposta é que deveria nascer de novo da "água e do espírito", e aqui ele forneceu uma chave alquímica para ele.
A água certamente não é mergulhar numa piscina e sai do outro lado e dizer que nasceu de novo, é uma transformação que a pessoa iria ter que passar. Isto é recorrente também nas tradições místicas, a necessidade de fazer "iniciações" com a pessoa para ver se ela se "lembre", que ela atinja este estado original, um estágio de totalidade. E o estágio de totalidade, que é o novo nascimento, ele é exatamente a descoberta da "Pedra Oculta". E pelo fato de ser realmente muito difícil você nascer de novo, porque não dá mesmo para reentrar na barriga da mãe, é que se estabeleceram todas as operações alquímicas de maneira a você ter consciência de novo de que você pertence a uma grande totalidade. Se prosseguirmos este esquema [mostrando a figura 4] chegaremos ao ponto em que teremos um quadro totalmente desconectado. O Si-Mesmo, que podemos chamar de "Alma" e o "eu", ou a "personalidade", e o termo personalidade é muito apropriado porque persona quer dizer "máscara", então isto que somos aqui é uma "máscara" que colocamos sob esta coisa maior que está por trás de nós, para conseguirmos nos comunicar, nos manifestar, mas de certa forma nós nos lembramos de que somos uma coisa maior. E a Alquimia visa fazer com que a pessoa retorne aquela situação integrada, mas voltar conscientemente. Deste quadro emergem vários tipos psicológicos, mas podemos antever dois tipos bastante característicos; A pessoa "inflacionada", o "eu" inflado.
Nós até brincamos aqui que a primeira coisa que acontece quando a pessoa conhece estes assuntos esotéricos, ela começa a pegar vários livros, o que acontece? Ela infla. A pessoa passa a ter a "Síndrome do Poder Oculto". Ela começa a ler uma série de coisas, poderosas, personagens históricos que tinham poderes, de outros planos de existência, a pessoa se "incha". Através daquela informação ela fica assim como se tivésse [realmente] aqueles poderes daquilo que ela leu. Esse período é deverás perigoso, porque a pessoa pode entrar numas coisas perigosas. A pessoa se convence a ir em determinados grupos porque ali há coisa do tipo "magia sexual", uma coisa "muito forte", acaba até se "estrepando", porque a pessoa acha que é toda poderosa, porque ela entrou num estágio como se estivesse voltando naquela onipotência que ela tinha. A pessoa que confia em demasia em si mesma enfrenta este problema também. O "eu" se imagina onipotente.
É óbvio que há determinados momentos em que você precisa prinunciar o seu "eu". Não vamos pregar aqui que a pessoa deva afirmar para si mesma que não "seja nada" e se "anular", não é isso. Daqui advém toda a questão hindu de "Maya", a "ilusão da existência", em que a pessoa pode se iludir e achar que é toda poderosa. O Outro caso é este aqui: [mostra a figura 4] É a pessoa desconectada. Esta pessoa perde uma coisa que é muito importante em nossas vidas, que é o "significado". Quando a pessoa perde o "contato" [vide linha da figura 3], a vida perde o seu sentido, e pessoa cai em mil questionamentos sobre a "utilidade" da vida. É a mais clássica descrição da alienação. A pessoa cai em depressão, e dificilmente você conhece um esoterista que não tenha caído neste estágio. As igrejas procuram pessoas que estejam exatamente neste ponto, pessoas alienadas, pessoas que estejam com problemas de todas as ordens. Eles irão fazer um "remendo" que irá repor de certa forma algo da "conexão" com a parte superior do indivíduo.
Aquela doutrina religiosa que ela vai aprender naquela Igreja irá fazer este arremedo, e através de várias catarses emocionais, ela vai então quase conseguir se reunir consigo mesmo. O processo alquímico é realizar exatamente isto: [mostra a conexã das duas esferas na figuras 3] A pessoa tem que ter um "eu" bem definido, um "eu" cultuado e ter também a consciência de que ela é uma coisa muito maior, que é a sua Alma, o seu Espírito. Como esoteristas temos que reconhecer a existência de nossa personalidade e do nosso ser espiritual. Essas duas dimensões juntas é que vão levar o indivíduo a integração. Há visões metafísicas avessas à isto, onde há uma deênfase na personalidade, que deve ser deixada "de fora". São verdadeiras "lavagens cerebrais", às vezes. Há movimentos que fazem exatamente isto. Raspando a cabeça do indivíduo, trocando-lhe as vestes e o nome, fazendo-o entrar em ritos e vida coletivos, fazem uma verdadeira "sujeira cerebral" ao invés de uma "lavagem". Há grupos em que o líder, num grupo de 20 mil pessoas, decide quem vai casar com quem, em que dia, e em que dia eles terão a primeira relação sexual. Analisem se estas 20 mil pessoas estão ou não com a "cabeça feita" por este fulano?
O alquimista, através da descoberta da "materia prima", que é o seu interior, ele vai começar a reconhecer o seu "inconsciente". Ele tem que se integrar com os seus sonhos, a verificar as influências subjetivas que envolvem sua vida, e ter muito nítido o "eu", a personalidade que ele é, e ele faz o que quiser com esta personalidade, e a dimensão superior. Jung chama a esta pessoa de o "ser individuado", tanto que o objetivo da psicoterapia Junguiana é "individuar" a pessoa. A pessoa se reconhecer como um "eu" e uma coisa maior, que é sua dimensão religiosa, sua dimensão espiritual, só que estas duas coisas são bem distintas. Tanto é que para aquele religioso que diz que seu "eu" sumiu [rindo], ele "sumiu" mesmo! Pois esta completamente fora do eixo. E o outro lado, a pessoa materialista que acha que é só o "eu", que afirma que "religião? Esquece isto", pessoas que nem "sonham" mais, e que acham que religião é tudo "balela", estes dois extremos do totalmente religioso e totalmente materialista, estas extão identificadas com realidades separadas, quando o alquimista, o esoterista, o alquimista, é aquele que "junta" estas duas dimensões "conscientemente". E com a abertura da consciência, ela vai paulatinamente sabendo cada vez mais o que tem dentro dela, e isso é que é o importante.
O esoterista que se enche de livros, e não consegue vencer o nível intelectual e reconhecer principalmente o seu inconsciente, que é para onde tudo o que nós reprimimos vai, nós não conseguimos realizar a "Obra". Caso não fosse este o caso,[se não desse essa introdução], como poderia falar aqui de operações complexas como a "mortificação", que pode levar a pessoa a se auto-iludir, se auto aniquilar. A pessoa alienada é um ser tão complicado que no tratamento psicológico ela passa pelos processos da "projeção" e da "transferência", que ela se espanta que o psicológo a ouve e aceita. Com o passar do tempo no tratamento, o indivíduo é conduzido a reconhecer que a "aceitação" deve vir do seu interior, que ela vai se "auto-integrar".
No caso da religião, que é uma Alquimia, uma psicologia, para o povo, o processo sumariza-se para a multidão, onde o processo individual cede lugar ao coletivo, onde a aceitação provém de "Deus". E os processos de projeção e transferência levam o indivíduo, enquanto crê naquela religião, a atingir algum nível de "integração". Mas o alquimista verdadeiro ele não pode se limitar a isto. Ele não vai negar a existência cósmica, o que ele precisa descobrir é como essa Inteligência se manifesta "dentro" dele. As operações alquímicas vão levar a pessoa paulatinamente, e à partir do momento da verificação da "materia prima".
E poderíamos falar algo mais sobre a "matéria prima". Ela normalmente é "negra"; escura"; "vil". E apesar de seu final ser glorioso, ela é repulsiva. E então a primeira materia prima que cada um deve tomar são seus defeitos, seus defeitos de caráter, de personalidade. A imagem do laboratório alquímico é dominada por uma grande "cuba" onde os elementos ficam cozinhando, literalmente em "banho maria". A substância fica tão preta que aparentemente dali não vai sair nada... Mas é exatamente isto. E os psicólogos fazem o mesmo. Analisam os "problemas", a "face escura" dos pacientes para que eles atinjam a sua "face clara".

segunda-feira, abril 10, 2006

Mitologia - Medusa


Mitologia - Medusa

Bem... embora existam controvérsias, vamos ouvir a história toda assim vocês podem julgar melhor. Diodoro o historiador, nos conta que existia uma Tribo das Górgonas, um povo belicoso, semelhante às amazonas, que habitavam um local nos confins do pais dos atlantes. Estes que haviam sido conquistados pelas amazonas, obrigaram a Rainha Mirina, a atacar as Górgonas, que eram incômodas vizinhas. As amazonas venceram e aquelas logo se recompuseram da derrota e mantiveram seus costumes até serem finalmente derrotadas, sendo atacadas primeiro por Perdeu, que matou sua rainha e em seguida por Hercules.
Porém existem outras histórias, que a única mortal das 3 Górgonas, Medusa havia trocado sua imortalidade pela beleza, numa troca de favores com Zeus. Aí enquanto Medusa, se vangloriava de sua divina beleza, dizendo que embora fosse mortal tinha o rosto lindo e que seus cabelos que caiam encaracolados até quase tocarem o chão, que fazia com que as deusas a invejassem. Principalmente Athena, que com as mãos calejadas de carregar lança e escudo, cabelos cortados reste quase como o de um homem e a ausência de seios o que transformava Athena em um mostro parecido com Esteno e Euríale, suas irmãs imortais. Um dia quando Athena passeando por sobre a terra ouviu uma destas provocações de Medusa, a transformou num monstro, por sua feiura, pois ela continuava linda, mas pelo asco que causaria, transformando sua linda cabeleira em peçonhentas serpentes. Claro que vocês vão me perguntar, mas porque então Medusa transforma as pessoas em pedra ? E eu respondo, calma ainda não contei todas as versões da história, existe uma, a mais tenebrosa, é que ela era feia e imortal como suas duas irmãs Esteno e Euríale, tinham cabelos desgrenhados tinham grande presas semelhantes aos javalis, mãos de bronze e asas de ouro que permitiam que voassem. Medusa não se conformava por ser daquela forma, afinal ela era como suas irmãs, possuíam poderes anteriores aos deuses olímpicos, elas pertenciam aos poderes ctônicos que comandavam o planeta antes da subida dos olímpicos ao trono dos deuses. Foi por isto que ela consegui efetuar a Troca, da sua imortalidade pela beleza. Com sua Beleza, Medusa conseguiu chamar a atenção de deuses e homens, e imaginando que com Possêidon, irmão de Zeus, talvez fosse possível recuperar sua imortalidade e manter a beleza.
Bem, o que conto a vocês é a vós corrente, pode que as coisas não tenham acontecido Esteno e Euríale, bem assim, pois como sempre só temos o relato dos vencedores, então ficamos apenas com meia verdade, sempre. É até provável que Medusa com sua desmedida beleza e com seus lindos cabelos, apenas passeasse pela beira do morro com vista para o mar, como também, no alto deste morro existia um templo dedicado a Athena. E tudo não passou de uma coincidência.
Porem eu não acredito em coincidências e misturo as versões anteriores em uma só. Medusa, provocou mesmo Athena, afinal um horrível ser das profundezas da terra, quando consegue a beleza, vai sim querer sair se mostrando. Imagine você, se eu ou você de uma hora pra outro ficássemos lindos , você minha querida leitora , não sairia correndo para se mostrar para todo mundo, e ainda mais para aquelas garotas bobas do trabalho ou da faculdade que te esnobavam. Pois é o que sentia uma antiga força ctônica, perante aos imortais, eles geralmente feios, com suas formas ligadas a natureza, e os olímpicos com sua perfeição física e beleza divinos. Eu com certeza faria isto.
Pois é Medusa também, e lá ia ela toda faceira em busca de olhares de admiração, passeando pelo caminho que levava ao templo de Athena que ficava sobre um outeiro frente ao mar, é claro que deve ter pensado que ela era realmente mais bonita que a deusa. Mas isto não vem ao caso. Quando chegou ao templo, estava quente e o sol estava forte, ela resolveu se sentar um bocadinho. Foi seu erro. Possêidon, que vinha acompanhado o andar de Medusa, já havia algum tempo, quando a viu sentada no templo, elevou-se como uma onda e caiu sobre Medusa, que quando percebeu já estava envolvida pelos fortes braços do senhor dos cavalos, e envolvida pelo momento se entregou ao prazer. Bem vocês sabem que coito divino é demorado, e eles passaram mais de um dia enlaçados, no interior da Deusa Virgem, que quando soube do ocorrido, não se voltou contra o seu tio crônica, mas sim contra a Medusa, e mais uma vez a deusa da sabedoria lançou aqueles seus julgamentos machistas, primeiro foi no julgamento de Orestes, acusado de matricídio, Athena não o condenou pois não sabia o que era mãe, já que nascera da cabeça de seu pai. E contra Medusa ela deixou toda a culpa para a mulher, que se não tivesse se insinuado, com aqueles cabelos que voam ao vento. Transformou os cabelos dela em serpentes, e para que ela jamais tivesse outro amante, ficou a maldição de que quem olhasse nos olhos de Medusa, seria transformado em pedra. O resto creio que todos sabem, Perseu filho de Zeus e Danae, com o auxilio de Athena e Hermes, matou a Medusa cortando a cabeça dela usando um espelho para não olhar diretamente nos olhos dela. E depois a cabeça que não tinha perdido o poder de transformar quem a olhasse em pedra, foi colocado no escudo de Athena. Onde dizem continua até os dias de hoje.
Alguns ainda falam e estudam este poder de transformar aos outros em pedra, como Jean Pierre Vernant, no Livro, A Morte nos Olhos, afirma:
" A face de Gorgó é uma máscara; mas em vez de ser usada para que seu portador imite o deus, esta figura produz o efeito de máscara simplesmente olhando-nos nos olhos. Como se esta máscara só tivesse deixado nosso rosto, só se tivesse separado de nós para se fixar à nossa frente, como nossa sombra ou nosso reflexo, sem que nos possamos livrar dela. É nosso olhar que se encontra preso à máscara. A face de Gorgó é o Outro, nosso duplo, o Estranho, em reciprocidade com nosso rosto como uma imagem no espelho (esse espelho em que os gregos só podiam ver-se de frente e sob a forma de uma simples cabeça), mas uma imagem que seria ao mesmo tempo menos e mais que nós mesmos, simples reflexo e realidade do além, uma imagem que se apoderaria de nós, pois em vez de nos devolver apenas a aparência de nosso próprio rosto, de refratar nosso olhar, representaria, em sua careta, o horror terrificante de uma alteridade radical, com a qual por nossa vez nos identificaremos, transformando-nos em pedra." Bem só para lembrar e finalizar, quando Perseu cortou o pescoço de Medusa saiu por ele como um parto as avessas, Pegasus o cavalo voador, filho dela e de Possêidon.

domingo, abril 09, 2006

Pégasus

Pegasus, o Cavalo Alado da Mitologia


A IMAGEM MENTAL E O SÍMBOLO
Pegasus, o cavalo alado da mitologia

Imagem mental são todas as imagens que a mente produz. Se você imaginar um avião, um passarinho, ou outra coisa qualquer, você estará produzindo uma imagem mental. Essa imagem pode ter som, movimento, cores, temperatura, etc, ou seja , ela pode ter todas as características que a realidade material tem.
Quando uma imagem é apenas uma imagem, sem uma história que a contextualize, ela é apenas rememoração, lembrança. Você se lembra de uma imagem, depois de outra, depois de outra. Se você experimentar ficar lembrando de coisas, vai reparar que chega um momento em que isto vai ficando cada vez mais difícil. Sua mente se cansa. Isso acontece porque nossa mente sempre procura trabalhar com imagens interligadas. Ela procura dar um sentido para as imagens. Exemplo: se você imagina um avião, sua mente imediatamente poderá fazer você se lembrar de quando era pequeno e ia ao aeroporto com seu pai. A partir daí sua mente começa a recriar ou criar uma história.
A mente organiza as imagens mentais colocando-as dentro de uma história ou de um contexto, isto quer dizer que nossa mente é composta por milhares de histórias que são criadas, recriadas, relembradas, esquecidas, de acordo com o momento que a pessoa está vivendo. Essas histórias são compostas de um tema central, de personagens principais e secundários, e de acontecimentos que vão se desenrolando. O tema central é o eixo da história. No exemplo do avião, a história que surgiu teve como tema central a relação pai-filho. Na imensa maioria das vezes o tema central permanece o mesmo, mesmo que a história em si mude. Ou seja, a história do exemplo do avião poderia ter um final feliz ou triste, poderia ter vários acontecimentos, e mesmo assim continuar tendo como tema central a relação pai-filho. Quando analisamos o desenrolar das histórias notamos que algumas situações, personagens, objetos, etc, tornam-se tão importantes que o enredo ( no todo ou em parte ) se desenvolve ao redor deles ou quando eles aparecem mudam o curso da história. Esses são os símbolos. O passeio com o pai no aeroporto pode ser simbólico, pois aí pode estar simbolizada a saudade da infância, a proteção do pai, seu amor e muitas outras coisas, o que torna esta situação central na história que a mente construiu e que tem como tema a relação pai/filho. As bruxas dos contos de fadas também são símbolos, pois elas simbolizam o desamor, a inveja, o desejo de prejudicar os outros, a decadência física, a infelicidade, etc, e sempre são uma figura central na história.
Podemos dizer que algumas imagens mentais são especiais, porque são símbolos. Todo símbolo é uma síntese da união de vários conteúdos ( veja quantas coisas as bruxas simbolizam ). Esses conteúdos têm origem na consciência e no inconsciente. Portanto, uma outra característica dos símbolos é que eles, apesar de estarem na consciência, possuem uma estreita relação com o inconsciente. Esse é o motivo pelo qual, geralmente, os símbolos são tão difíceis de serem compreendidos, como no caso da planta que aparece em um sonho e que é um símbolo da relação mãe-filho.
Como você já aprendeu, os símbolos são imagens poderosas e exercem grande influência sobre a consciência. Uma parte deste poder advém do fato deles serem uma síntese de diversos conteúdos. Outra fonte deste poder vem do fato dos símbolos serem energeticamente fortes. Parte da energia e dos conteúdos que criam e mantém a força de um símbolo tem origem nos estratos mais profundos da mente, que nós chamamos de arquétipos do inconsciente coletivo*. Esses arquétipos são os responsáveis por estruturar a mente desde os primeiros momentos de vida, e se utilizam dos símbolos para promover esta estruturação.
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* Os arquétipos "são as partes herdadas da psique, são padrões de estruturação" e organização do imaginário psíquico, "são entidades hipotéticas irrepresentáveis em si mesma e evidente somente através de suas manifestações." ( Pag. 38, Dicionário crítico de análise Junguiana, Samuels, A. & outros, Ed. Imago )
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Existem inúmeros arquétipos, como o arquétipo do pai, da mãe, do herói, etc. Cada tema central de uma história se refere a um arquétipo específico. Porém, todo arquétipo possui várias dimensões ( neste estudo consideraremos como sendo de dois tipos: positiva e negativa ). Cada dimensão faz com que nossa mente conte uma história diferente a respeito do mesmo tema. No exemplo do avião podemos supor que o arquétipo que estava em evidência era o arquétipo do pai, na sua dimensão positiva, por isto surge um símbolo positivo e consequentemente uma história, sentimentos e lembranças positivas. Imaginemos essa mesma pessoa vivenciando a dimensão negativa do arquétipo do pai. Ela iria organizar e interpretar suas memórias de modo a justificar essa vivência da dimensão negativa. Ela poderia interpretar um olhar como um sinal de reprovação. Ou um toque nos ombros como um empurrão. Ou seja, todas as vivências e memórias relacionadas ao tema da paternagem gravitam em torno do arquétipo do pai, sendo que a dimensão que prevalecer é que dará a forma como essas memórias e vivências serão organizadas. Se prevalecer a dimensão negativa será com esses "olhos" que a pessoa irá organizar e, por fim, enxergar esse aspecto da vida. Os arquétipos são iguais para todo mundo, porém, nossa relação com o mundo, com nós mesmos, com nosso corpo e com nosso futuro vai depender da dimensão que nós vivenciamos de cada arquétipo.
Com a técnica da Alquimia Simbólica você poderá vivenciar dimensões diferentes dos arquétipos e desta forma mudar sua vida, pois a mudança acontece a partir do momento em que você, ao estabelecer contato com as outras dimensões do arquétipo, "libera" a energia e os símbolos relacionados a esta outra dimensão para agir na sua mente. Se uma pessoa vive o arquétipo do pai pela dimensão negativa ela pode muito bem, ao entrar em contato com os símbolos que este arquétipo produz, conseguir vivenciá-lo na sua dimensão positiva. No exemplo do sonho da planta aconteceu o processo citado acima, a pessoa vivenciou a dimensão positiva do arquétipo da mãe e assim ela pôde começar a deixar de viver apenas a dimensão negativa deste arquétipo.
Repare bem: para a pessoa vivenciar a dimensão positiva do arquétipo da mãe, foi necessário que um símbolo ( a planta nutridora ) emergisse em sua consciência. Portanto, a forma como os arquétipos se expressam é através de símbolos.

GRÁFICO 3: O MAPA DA MENTE


Este gráfico revela que o inconsciente coletivo é a base da mente e que os arquétipos fazem parte deste inconsciente coletivo. Os símbolos têm origem nos arquétipos do inconsciente coletivo, atravessam o inconsciente pessoal agregando conteúdos desta parte da mente, para só então chegar à consciência onde agregam mais conteúdos. Devido a sua formação, os símbolos estão relacionados com todas as partes da mente e ao trabalharmos com os símbolos estamos trabalhando com a mente por inteira.

Agora você sabe não só que os sonhos rompem com a unilateralidade da consciência, mas também como os sonhos fazem para romper com esta unilateralidade. Podemos explicar da seguinte forma este processo: a consciência é unilateral, pois existem dimensões dos arquétipos ou mesmo arquétipos que a pessoa não vivencia ou vivencia de forma inadequada. Graças a propriedade auto-reguladora da mente o equilíbio psíquico tende a ser buscado, ou seja, o inconsciente reage buscando compensar este desequilíbrio. Uma das situações onde esta compensação é buscada é durante os sonhos. Neste momento, quando vivemos em um eco-sistema diferente, as outras dimensões não vivenciadas encontram melhores condições para se expressarem. Elas se expressam sob a forma de símbolos ( geralmente como imagem ) que se mantém na consciência porque possuem a energia das dimensões que os criaram. Estes símbolos se relacionam com outros conteúdos da consciência, transformando-a.
O trabalho com a Alquimia Simbólica consiste em utilizar as imagens dos sonhos para provocar uma revivência deste sonho, permitindo que as energias destas imagens ganhem autonomia e recriem uma história onde será possível vivenciar as outras dimensões arquetípicas que foram até então negligenciadas.
Je

Textpo retirado do site da Sociedade Teosófica


PEGASUS - O Mito

Perseus era um jovem corajoso que recebeu uma tarefa impossível do rei da ilha de Serifos, Polydectes, de trazer-lhe a cabeça do temido monstro marinho Górgona Medusa. Usando as sandálias aladas, presentes de Hermes, o escudo, presente de Athena, e o gorro da Invisibilidade, presente de Hades, Perseus voou, sem ser visto, até o lugar onde estava Medusa e suas duas irmãs, dormindo ao lado das já carcomidas estátuas dos outros heróis transformados em pedra por seu olhar. Olhando apenas para o reflexo da Medusa no seu escudo, Perseus arrancou a foice, cortou a cabeça da Górgona Medusa e a jogou na rede. Do seu sangue nasceu o maravilhoso cavalo alado, Pegasus. Pegasus, filho de Netuno e de Medusa, foi domado pelo herói Bellerophon, honrado em Corinth e Lycia, usando uma rédea doada por Athena, deusa da sabedoria. Pegasus se tornou a montaria preferida de Bellerophon que o cavalgou quando foi matar a Chimera (Quimera), monstro com cabeça de leão que expedia fogo, e tinha corpo de bode e rabo de serpente. Bellerophon matou-a, atirando uma lança em sua garganta. A lança tinha um pedaço de chumbo na ponta que derreteu com o fogo da respiração de Chimera, queimando-a por dentro. Bellerophon era um homem tão grande que acabou se achando igual aos deuses. Ele foi com Pegasus até o Monte Olimpo desafiá-los. Mas Zeus mandou uma vespa ferroar o animal que corcoveou, atirando Bellerophon na terra, onde ele terminou seus dias como mendigo. Quanto a Pegasus, Zeus começou a usá-lo para carregar seus raios. De volta à morada dos deuses, e durante o certame musical entre as Musas e as Piéridas, o monte Helicom inchou-se de prazer, ameaçando tocar o céu. Por ordem de Netuno, Pegasus bateu com o casco na montanha e a fez retornar ao tamanho normal; no lugar tocado pelo cavalo brotou a fonte Hipocrene. Mais tarde, Pegasus foi transformado em constelação do hemisfério boreal, onde brilha até hoje no chamado quadrado de Pegasus.

sábado, abril 08, 2006

Os Milagres de Santa Sara Kali


Os Milagres de Santa Sara Kali
Por André Mantovanni
A História de Santa Sara Kali

Muitos são os milagres que fazem de Santa Sara uma divindade, uma santa reconhecida por milhares de pessoas que recebem suas graças e proteção. A devoção à Virgem negra que protege e acolhe o povo cigano hoje é celebrada por diferentes raças e povos de diversas partes do mundo.
Mas a vida de Sara ganhou numerosas lendas, versões e histórias misturando verdade, encanto e magia. Uma delas é que Sara vivia na Gália e que sua conversão ao Cristianismo aconteceu por conta de sua fé e amor incondicionais a algumas santas, tornando-se assim uma serva fiel aos desígnios divinos. Com uma vida voltada à religiosidade, tornou-se santa.
Outra lenda é que Sara tenha sido uma egípcia e que teria vivido como abadessa num convento da Líbia, dedicando seu destino aos preceitos da espiritualidade. Mas, para os ciganos, Sara era uma cigana escrava que venceu a força tempestuosa dos mares por meio de sua fé. Conta a história que por volta dos anos 50 d.C., Maria Madalena, Maria Jacobé, Maria Salomé, José de Arimatéia e Trofino, junto com uma cigana escrava chamada Sara, foram atirados ao mar num barco em condições precárias e aparentemente sem chance alguma de sobrevivência.
Angustiadas e aflitas, as três Marias apenas oravam e choravam pedindo proteção. A devoção de Sara era maior do que o medo. Elevando suas preces, Sara retira o lenço de sua cabeça e promete ao Mestre Jesus que, em troca da salvação de todos, ela seria, durante sua vida, uma serva que trabalharia arduamente para felicidade do próximo.
Parece que naquele instante o pedido de Sara foi atendido, pois o barco sem rumo atravessou o oceano dias e dias tranqüilamente, aportando dias depois com todos salvos em Petit Rhóne, hoje onde se encontra a cripta de Santa Sara, conhecida como Les Maries de La Mer, na região de Camargue, no sul da França. Essa historia e muitos milagres fizeram com que Santa Sara se tornasse a padroeira universal do povo cigano.
Seu nome significa Cigana e Negra, Princesa e Serva. Sara é a santa dos oprimidos, acolhe os perseguidos e humilhados, traz proteção aos viajantes e aos doentes, e paciência aos aflitos. Ela também é invocada para ajudar as mulheres a alcançarem a maternidade, a boa saúde durante a gravidez e auxiliar no bom parto.
A sua proteção também confere prosperidade, amor e vitória para qualquer dificuldade. Emanando sua energia de amor, protege também os casamentos e as noivas em especial. Sara, mãe e rainha, é a santa protetora vinda das águas que conquistou o milagre do mar!

Os Rituais de Magia Branca

Em toda a evolução da humanidade, é certo constatarmos que, de alguma forma, sempre buscamos uma maneira de nos comunicarmos com o plano espiritual. Apoiados em nossa fé, queremos encontrar um caminho que facilite o entendimento e a compreensão dos mistérios divinos e expressar nossas súplicas e desejos para realização de nossa plenitude. Quando oramos, falamos com Deus e quando meditamos ouvimos e recebemos Sua proteção.
Ao conectarmos energias superiores, estamos imediatamente realizando um ato mágico. A magia branca é a forma que dispomos de colocar a luz do bem para funcionar em nosso destino. É colocar toda sabedoria do universo à nossa disposição. Quando realizamos uma invocação, um ritual ou um pensamento que nos direcione ao lado positivo da vida nos tornamos então magos de nossa existência. Devemos partir do princípio de que tudo é energia viva e criativa e, ao colocarmos forças soberanas para nos orientar e nos auxiliar, encontramos a paz interior.
Mais particularmente, os rituais e as invocações à Santa Sara devem ser feitos com a mente livre, com o coração aberto e com a alma plena de amor. Tenha a Santa Sara como uma verdadeira amiga, alguém que se pode confiar, uma mãe acolhedora que está sempre pronta para ajudar os seus filhos. Não tenha receio de revelar as suas dores, as suas aflições e as tristezas interiores, mas também não esqueça de agradecer por todas as coisas boas que cercam sua vida.
Celebre a vida com amor e lembre-se de que suas graças terão exatamente o tamanho do seu merecimento. De nada adianta pedir por algo e tentar anular a sua responsabilidade diante de seu caminho.

Altar — A Visita de Santa Sara

Para receber a visita de Santa Sara em sua casa e em sua vida, procure montar um altar em sinônimo de respeito e adoração. A palavra “altar” significa tudo que vem do alto ou o que está acima de nós. Quando preparamos um altar, estamos sintonizando energias superiores e elevadas capazes de nos proteger e ao mesmo tempo materializar um desejo espiritual de concentrar em um determinado lugar a nossa comunicação com a divindade.
Num local especial de sua casa, prepare o altar de Santa Sara com uma toalha branca, flores amarelas, uma cesta de pães, frutas, uma taça de vinho tinto, uma vela azul clara, um punhado de arroz cru, moedas douradas e incenso de rosas. Coloque também cristais e uma imagem de Santa Sara Kali. Lembre-se que esse altar deverá sempre ser bem cuidado, limpo e organizado em sinal de sua fé, dedicação e devoção.
Todo dia 24 de cada mês, em qualquer horário, você deverá fazer uma invocação especial diante de seu altar, pedindo proteção para sua família e oferecer um pedaço de pão e três goles de vinho para todos que morarem em sua casa. Ao partilhar o pão e o vinho, saiba que a proteção de Santa Sara estará presente na vida de todos e que milagres acontecerão. A comemoração em homenagem a Santa Sara Kali acontece no dia 24 de maio em todo o mundo.

Os Milagres do Manto de Santa Sara

Segundo a tradição cigana, quando um milagre é concebido por Santa Sara, em sinal de respeito, gratidão e admiração, eles entregam à ela um manto azul claro em seu altar, em uma igreja ou em suas festas que celebram a proteção de Sara Kali.
Essa tradição é seguida até os dias de hoje por todas as pessoas que alcançam graças e milagres por intermédio de Santa Sara. Quando seu pedido for atendido, entregue da mesma maneira um manto azul claro em sinal de sua gratidão.
Esse manto poderá ser colocado na imagem de Santa Sara em seu altar ou entregue num altar de uma igreja de sua devoção.

Ritual para o amor

Santa Sara pode nos trazer amor, proteger os relacionamentos afetivos e favorecer as uniões e alianças sentimentais. Você poderá fazer este ritual para qualquer dificuldade que esteja sendo enfrentada em sua vida amorosa; seja para a reconciliação de um relacionamento ou até mesmo para o encontrar um verdadeiro amor.
Este ritual deverá ser feito durante três dias consecutivos, em fase de Lua Cheia. Procure criar uma corrente de proteção realizando este ritual no mesmo horário, todos os dias. Num prato branco, coloque duas velas azul-claras. Em volta delas, acrescente em forma de círculo um pouco de mel e ao lado não deixe de colocar um vaso com flores amarelas e uma vareta de incenso de rosas.
Acenda as velas e o incenso e faça uma oração à Santa Sara mentalizando seus pedidos. As velas e o incenso deverão queimar sem interrupções até o final. As sobras do ritual deverão ser entregues num local onde haja natureza.

Ritual para conquistar emprego e prosperidade

Santa Sara pode interceder por nós trazendo prosperidade e realizar milagres para nossa vida material. Ela nos abençoa com proteção, pode nos abrir caminhos e nos ajudar a vencer qualquer obstáculo ou dificuldade que nos impede de sermos felizes. Para conquistar um emprego em sua vida ou então atrair prosperidade em seu caminho, recorra à Santa Sara da seguinte maneira:
Durante sete dias seguidos, em fase de Lua Nova ou Crescente, ofereça uma cesta de pães, ramos de trigo e três moedas douradas, junto com uma taça de vinho num altar ou lugar especial de sua casa para Santa Sara. Faça a oração de Santa Sara e metalize os seus desejos de forma positiva.
Quando terminar a oração e suas preces pessoais, distribua os pães para pessoas necessitadas em sinal de agradecimento e devoção. Repita esse ritual quantas vezes forem necessárias, até que seus pedidos sejam atendidos.
As moedas deverão ser usadas como amuletos de proteção para sempre atrair prosperidade em sua vida. As sobras do ritual deverão ser entregues num local onde haja natureza.

Proteção para a maternidade

Como contam as histórias dos milagres de Santa Sara, ela promoveu seu primeiro milagre ao retirar um lenço de sua cabeça e suplicar pela proteção divina que a salvou dos perigos do mar. Desde então, todas as mulheres que encontram dificuldades para engravidar, ter uma gravidez tranqüila e um parto feliz, recorrem à Santa Sara pedindo por sua proteção e auxílio.
Quando alcançam essa graça, entregam à ela um lenço do tecido mais bonito que encontrarem em sinal de agradecimento e devoção. Da mesma maneira, quando pedir pela maternidade e for atendida, entregue num altar de uma igreja ou no altar de sua casa um lenço de tecido bem bonito e faça a oração de Santa Sara em sinal de gratidão.
Se desejar, presenteie outra pessoa que também necessite desse milagre com uma imagem de Santa Sara e peça que ela repita o mesmo ritual.

Invocação Sagrada de Santa Sara

A invocação sagrada de Santa Sara é feita em todo o mundo quando se dirigem pensamentos, desejos e pedidos à ela. Ao final desta oração, beba três goles de água ou vinho tinto mentalizando seus pedidos e celebrando a proteção de Sara Kali.

Sara, Sara, Santa e amiga Escuta-me,
eu te suplico Sara, Sara Santa e amiga
Ouve a minha voz, minha voz que reza
Tu és a protetora de todas
De todas as nossas viagens
E nós te trazemos nosso coração
Tu nos devolves a coragem, quando a infelicidade nos chega
Nós te oferecemos lindos mantos na Camargue das Santas Marias
Para nós, aqui tudo é mais belo
Porque aqui nós nos reabastecemos de vida.
Para nossa grande peregrinação tu és consagrada como uma rainha
Nós vimos aqui de tempos em tempos te provar nossa fé cristã.
Nós te confiamos nossos segredos
Nós te apresentamos os nossos filhos
Nós te trazemos belos buquês
Nós a beijamos com o coração pulsando
Hoje nós cantaremos louvores para ti
Nós dançaremos ao redor do fogo
Nós seremos uma só voz que sobe através de ti para Deus.
Salve Sara, Salve Sara, Salve Sara
Que o manto de Sara nos cubra de bênçãos
Que assim seja
Amém.

quarta-feira, abril 05, 2006

Santa Sara Kali


SANTA SARA KALI

A Cigana Escrava que Venceu os Mares com sua Fé e Virou Santa

Conta a lenda que Maria Madalena, Maria Jacobé, Maria Salomé, José de Arimatéia e Trofino, junto com Sara, uma cigana escrava, foram atirados ao mar, numa barca sem remos e sem provisões. Desesperadas, as três Marias puseram-se a orar e a chorar. Aí então Sara retira o diklô (lenço) da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e promete que se todos se salvassem ela seria escrava de Jesus, e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito. Milagrosamente, a barca sem rumo e à mercê de todas as intempéries, atravessou o oceano e aportou com todos salvos em Petit-Rhône, hoje a tão querida Saintes-Maries-de-La-Mer. Sara cumpriu a promessa até o final dos seus dias. Sua história e milagres a fez Padroeira Universal do Povo Cigano, sendo festejada todos os anos nos dias 24 e 25 de maio. Segundo o livro oráculo (único escrito por uma verdadeira cigana) "Lilá Romai: Cartas Ciganas", escrito por Mirian Stanescon - Rorarni, princesa do clã Kalderash, deve ter nascido deste gesto de Sara Kali a tradição de toda mulher cigana casada usar um lenço que é a peça mais importante do seu vestuário: a prova disto é que quando se quer oferecer o mais belo presente a uma cigana se diz: "Dalto chucar diklô" (Te darei um bonito lenço). Além de trazer saúde e prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las diante da dificuldade de engravidar. Muitas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, iriam à cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mer no Sul da França, fariam uma noite de vigília e depositariam em seus pés como oferenda um Diklô, o mais bonito que encontrassem. E lá existem centenas de lenços, como prova que muitas ciganas receberam esta graça. Para as mulheres ciganas, o milagre mais importante da vida é o da fertilidade porque não concebem suas vidas sem filhos. Quanto mais filhos a mulher cigana tiver, mais dotada de sorte ela é considerada pelo seu povo. A pior praga para uma cigana é desejar que ela não tenha filhos e a maior ofensa é chamá-la de DY CHUCÔ (ventre seco). Talvez seja este o motivo das mulheres ciganas terem desenvolvido a arte de simpatias e garrafadas milagrosas para fertilidade.

domingo, abril 02, 2006

Kali


PORTAL DA INDIA "Kali"

KALI é a personificação da impiedosa fúria feminina e sempre deixa um rastro de destruição por onde passa. Ela é chamada de KALI pois tem o corpo negro, seu rosto é vermelho e carrega uma espada invencível. Seu cabelo é longo e totalmente desalinhado e pode ser vista nua, indicando sua liberdade e independência. Ela tem olhos sedentos de sangue, uma boca com dentes grandes e afiados, mostrando sua enorme língua. Ela tem um colar com 50 cabeças humanas decepadas, representando as letras do alfabeto Sânscrito, seus brincos são corpos de anjos, indicando que Ela está acima da luxúria. Ela tem cobras enroladas em seus vários braços e no pescoço que são usadas como armas para matar suas vítimas. As vezes KALI é vista dançando em cima de SHIVA como uma furiosa guerreira num campo de batalha matando seus adversários e tomando-lhes o sangue. Dessa forma, demostra a todos que até mesmo SHIVA é sobrepujado por sua fúria. Seus braços estão fazendo diferentes MUDRAS - posições que dizem para não ter medo pois ela é a mais querida e doce Mãe. Como Deusa da Morte, ela controla o poder do Tempo que tudo devora. Logo após as batalhas Ela começa sua eufórica dança da vitória. Com esta dança todos os mundos tremem sob o tremendo impacto de seus passos. Existe uma famosa história sobre um rei santo que foi sequestrado por um bando de ladrões para ser oferecido num sacrifício de sangue num templo de KALI. No entanto, KALI surgiu furiosa de dentro de uma de suas estátuas com sua hoste de fantasmas e demônios e pôde perceber as enormes virtudes desse rei santo. KALI então matou o líder dos ladrões e seu bando, provando que aqueles que têm boas qualidades são protegidos por Ela. As escrituras Védicas contam que quando os guerreiros vão para a luta costumam invocar o nome de KALI para o sucesso contra os inimigos nas batalhas.

sábado, abril 01, 2006

Kali - A Senhora do Fogo da Destruição


KALI, A TERRÍVEL FACE DE DEUS

No panteão das divindades tântricas, Kali é mencionada como a primeira das 10 Grandes Forças Cósmicas porque, de alguma forma, é ela que começa o movimento da "Roda do Tempo Universal". A Grande Força Cósmica Kali "devora" no final o próprio tempo (kala). O texto tântrico Nirvanatantra associa Kali com o deus supremo Brahman, representando tanto a existência absoluta como a Consciência manifesta. Este tipo de associação leva os devotos de Kali a uma adoração em um aspecto metafísico (sem nehum atributo) e em um aspecto concreto (com funções e particularidades). Em conformidade com a tradição tântrica espiritual, a Manifestação por inteiro surge da Consciência Infinita e da união beatificada de Shiva com Shakti. A função criativa é performada pelo aspecto de Shakti conhecida como Brahmani, a manutenção ou continuidade da criação é realizada por Shakti Vaishnavi. Tanto o aspecto da criação quanto o da manutenção implicam também na função da "destruição" ou "morte" de qualquer forma de Manifestação, função performada por Rudrani Shakti. Em particular, Brahmani, Vaishnavi e Rudrani Shakti são aspectos femininos dos grandes deuses Hindus da trindade da criação: Brahma, Vishnu e Rudra (ou Shiva). A existência simultânea desses três processos na Manifestação explica a afirmação tântrica que o ato da criação não foi o único e nem pertence somente a um certo momento no passado, e também, nem pertence unicamente a um certo momento no futuro; e sim, eles surgem em todo período de tempo como flashes sucedendo-se tão rapidamente que criam a ilusão de continuidade e realidade. O estado de êxtase divino (samadhi) aparece graças a uma intensa e perseverante prática espiritual, que implica na dissolução da consciência corpórea e mental em uma consciência suprema de Paramashiva (Deus, Pais Sagrado), que transcende a toda dualidade. Kali é descrita no Kalitantra como uma deusa de compleição da cor de uma nuvem escura antes da tempesade. Ela dança sobre o corpo inerte de Shiva, o casal simbolizando os dois aspectos da realidade: Shiva - o estático, aspecto transcendente que pertence à Consciência e Kali, o aspecto imanente da Consciência. Nesta representação iconográfica Shiva é branco porque ele simboliza a Luz Divina sem suporte (prakasha). Ele está inerte como um corpo morto (shava) porque na ausência de movimento e ação, a Consciência é pura, homogênea e compacta. Por outro lado, a dança da Grande e poderosa Kali Cósmica significa, por excelência, o aspecto dinâmico, ativo da Consciência Divina na Manifestação e a cor escura de sua pele indica que no processo da Criação, é Kali que "dissolve" tudo, e assim está associada com a escuridão e o vazio. Em outra perspectiva Kali é a criadora de mundos a partir das cinzas do fogo purificador da Consciência Divina, uma consciência que queimou todas as impurezas, resíduos e imperfeições de formas de manifestação. Portanto a ação de Kali está orientada para a evolução espiritual, algumas vezes induzindo impulsos dramáticos em direção da perfeição espiritual dos seres humanos. Em toda e cada situação Kali aplica um dicernimento espiritual divino. Aqueles que passam por todos os seus testes são herois espirituais (vira) e possuem a graça e benção da Grande Deusa em seu favor. No início, antes do primeiro impulso criativo se manifestar por meio do desejo Divino, a energia Divina (Shakti) está em um estado de potencialidade, perfeitamente unida à Shiva em seu aspecto transcendente. Este estado é designado pelos textos que falam da espiritualidade como sat-chit-ananda (Existência Pura, Consciência Pura, Benção Suprema). É a Suprema Shakti que assume a responsabilidade da Criaçào. Aqui a sua soberania é normalmente mencionada quando a nomeamos Adi-maha-vidya, a primeira dos Grandes Poderes Cósmicos, mas, por favor, não crie uma noção de hierarquia entre os Poderes Cósmicos. Kali é representada algumas vezes sentada em um trono dourado sustentado por cinco corpos ( como o corpo de shiva) , rodeada por árvores feitas de pedras preciosas. Aos seus pés há uma praia de areia dourada banhada pelo Oceano da Imortalidade. Kali é chamada também de Adya-shakti, em sua qualidade de poder primordial criativo. Pelo fato dela estar relacionada com o processo de Criação, ela também é nomeada Maha-maya (O Poder da Ilusão Universal). O fato dela ser representada nua significa a transcendência de todas as limitações ao se identificar com o ilimitado Poder da Consciência Divina. A ação de Kali na Manifestaçào está relacionada com a destruição e a purificaçào das funções do tempo (Kala). este aspecto é simbolizado por uma caveira humana que a Grande Deusa segura em uma de suas mãos. A própria Kali está além do tempo, mas ela usa o tempo para dissolver a Criaçào de volta à Consciência Primordial (Deus). E por isso ela também é chamada Mahakali. Em outra mão, ela oferecerá aos seus devotos, bhukti - a experiência da felicidade e satisfação neste mundo e, mukti - o êxtase divino da Realidade Transcendente. Ela destruirá o seu Ego para que você possa renascer. Um dos mais importantes aspectos de Kali é o da Deusa Durga (abaixo), a conquistadora do demônio Mahishasura. este demônio representa na tradição Hindu, a encarnação de todas as forças das Trevas. Na filosofia Vedanta há o conceito da Encarnação Divina (avatara). Uma avatara vem à Terra para levar a humanidade em direção à uma profunda transformação espiritual. Rama, Krisha, etc. foram considerados avatares do Senhor do Universo (Ishvara, ou Vishnu, o aspecto masculino da Divindade, mas para aqueles que adoram Deus em seu aspecto da Mãe Divina, protetora e poderosa, a Grande Deusa Durga representa a única avatar feminina que destroi o mal em todos os seus aspectos demoníacos e satânicos. Por isso que a Mitologia Hindu nos diz que a Deusa Invencível saiu vitoriosa em sua batalha com os demônios e seu grande soberano Mahishashura, salvando os Deuses do cativeiro e restaurando a ordem na Manifestação. O profundo significado deste mito é que existem energias boas e más nos seres humanos (simbolizadas aqui pelos deuses e respectivamente os demônios) travando uma batalha feroz por supremacia. A Deusa Durga, manifestação da Grande Força Cósmica Kali, confere graça e ajuda divina àqueles que a invocam com intensidade para que suas forças espirituais possam se desenvolver e suprimir as influências negativas mentais. Durga, A Lua Divina, destroi e queima em um fogo terrível da consciência pura, qualquer força maléfica ou resíduo de ignorância. A Sadhana Kali implica no esforço espiritual de purificaçào de todos os centros de força sutil (chakras) e na ascensãoda Energia Divina Kundalini que se encontra dormente na base da coluna espinhal no Chakra Muladhara. A ascensão da Kundalini Shakti representa um dos mais importantes aspectos da Deusa Kali. Este processo está diretamente ligado com a prática da continência sexual, com transfiguração, de acordo com os princípios tântricos.