Aprendendo a ler pensamentos
Por Zhannko Idhao Tsw
Antes de mais nada gostaria de esclarecer que não sou psicólogo e, neste texto, usarei algumas expressões conhecidas mas que talvez não tenham o significado que normalmente lhes são atribuídos. Este texto e suas expressões são o resultado de minhas pesquisas e experiências pessoais, e meu entendimento particular decorrente delas. Tentarei, quando necessário, ser o mais claro possível ao passar as idéias, e espero que as mesmas encontrem o eco correto de acordo com os padrões de entendimento e interpretação de cada leitor.
Ao contrário do que normalmente se pensa, ler pensamentos não é algo difícil, mas justamente o contrário; é algo não apenas fácil mas virtualmente inevitável. Deepack Chopra afirma em seus livros que, embora nosso cérebro seja definido no espaço e no tempo, restrito dentro de nossa caixa craniana, nossa mente não é. Segundo ele aquilo que nós somos de fato, nossa consciência ou, como diria Gurdjief, o observador, é não-temporal e não-espacial, não limitado nem pelo espaço nem pelo tempo. Assim, a consciência está em todo lugar e em todo tempo.
Diariamente estamos imersos em um mar de ondas-pensamentos onde nossos cérebros funcionam como receptores e transmissores. Ao mesmo tempo que somos influenciados por esse mar de ondas-pensamento também somos seus criadores e mantenedores. Aldous Huxley deixa claro em "As portas da percepção" que a função essencial de nosso cérebro é filtrar a infinidade de estímulos que nos cerca, deixando passar para o nível consciente (para o observador) apenas aquilo que é importante para a sobrevivência biológico do organismo. Se assim não fosse nossa consciência estaria tão saturada com percepções que a vida, tal como a conhecemos, seria impossível.
Ao mesmo tempo em que essa filtragem é necessária e benéfica, também é nosso grande obstáculo. Castaneda fala da necessidade de transcender a realidade cotidiana para conseguir ver o mundo como ele é de fato, sem limitações, ou ao menos sem as limitações com que estamos habituados, conseqüências de nossos sentidos de percepção. Em seus livros Dom Juan, ao ensinar seu aprendiz de feiticeiro, resume todo seu ensino numa única frase: todo o treinamento consiste em desaprender o que você aprendeu. James Redfield, em A profecia celestina, faz referência a característica que possuímos de desenvolver respostas automáticas para estímulos externos, criando, ao longo dos anos, uma espécie de couraça mental onde a maioria das nossas reações são respostas automáticas. É como se funcionássemos, a maior parte do tempo, em piloto automático.
Isso ocorre porque, desde nosso nascimento, nossa consciência é progressivamente treinada para se enquadrar nos padrões presentes neste mundo e que são conhecidos como a realidade comum. Assim nos habituamos a focar nossa atenção, e consciência, em apenas alguns elementos que são, segundo Huxley, necessários a nossa sobrevivência e para manter nossa relação com o meio em que nos encontramos. O lado ruim desse treinamento é que, quanto mais nos embrenhamos na realidade comum e nos entrozamos a ela, mais limitamos nossas percepções sensoriais e nossas possibilidades de perceber o mundo. Quando Dom Juam diz que devemos desaprender ele quer dizer que devemos deixar de lado nossos padrões mentais de reconhecimento e resposta que fazem nossa ligação com o mundo exterior.
Huxley realizou diversas experiências com substâncias alucinógenas a fim de ultrapassar os limites comuns de percepção. Castaneda também, num primeiro momento, utilizou a Erva do Diabo, passando depois a adotar outros exercícios com a finalidade de quebrar o padrão de respostas automáticas citado por Redfield, tais como, a técnica no "não fazer", a espreita (ou observação atenta), o "andar do guerreiro", dentre outras. O objetivo de tais exercícios é fazer com que o sujeito mude seus padrões mentais e conseqüentemente seus padrões de percepção, saindo do piloto automático, a aprendendo a ver aquilo que sempre esteve diante de seus olhos, mas nunca foi percebido de forma consciente.
Um exemplo: você vai a uma feira de frutas e diz para seu acompanhante procurar uma fruta do conde. Andando pela feira ele irá procurar a tal fruta de barraca em barraca, focando sua atenção nisso. Chegando no final da feira, tenha ele encontrado ou não a fruta, pergunte-lhe se ele viu, por acaso, os kiwis que estavam em uma determinada barraca. Provavelmente ele dirá que não os viu. Porque? Pelo simples fato de que não os estava procurando. As imagens dos kiwis ficaram gravadas em seu subconsciente, e poderão ser acessadas por algum processo de hipnose, mas ele não lhes tomou conhecimento a nível consciente. Da mesma forma, muitas informações que chegam a nossos sentidos de percepção, nos passam despercebidos, simplesmente porque nossa atenção não estava dirigida a elas.
Da mesma forma os pensamentos das pessoas a nossa volta, próximas ou distantes, estão o tempo todo a atravessar nosso cérebro e sensibilizar nossos sentidos de percepção, só que nós nos habituamos a ignorar esses sinais, focando nossa atenção naquilo que nos é mais essencial para nosso nossa sobrevivência ou nosso prazer imediatos. O grande segredo para se ler pensamentos então, não é capta-los, pois isso é coisa não só possível como inevitável, mas sim, desenvolver a habilidade de, conscientemente, conseguir distinguir, dentre a massa de ondas-pensamentos que nos abordam todo o tempo, aquelas ondas específicas que são de nosso interesse.
Para tanto, o primeiro passo a ser dado é perceber que nós não somos os nossos pensamentos, mas estes são parte de nós. Pensamentos e consciência são coisas distintas, mesmo que se influenciem mutuamente e se entrelacem a tal ponto em que se tornem praticamente inseparáveis. Nesse sentido algum método de meditação, como o adotado por Gurdjief, praticantes budistas ou outros, que focam a importância do observar atentamente e do não-pensar, pode ser muito útil. A medida que se habitua a observar os próprios pensamentos percebe-se que eles são quase como entidades próprias, vagando por nossas mentes como folhas sopradas pelo vento. A partir do momento em que se consegue distinguir os pensamentos como elementos relativamente distintos de nós mesmos, conseguimos diferenciar melhor o que é onda-pensamento do que é a consciência (o observador) que percebe as ondas-pensamento.
O segundo passo é aprender a diferenciar pensamentos internos de pensamentos externos. Pensamentos internos são aqueles cuja origem são nossa própria mente, resultado de nossos desejos, medos, vontades, alegrias, tristezas, etc., normalmente guardados em nosso subconsciente, de onde ecoam em todas as direções e ajudam a compor o mar de ondas-pensamentos em que estamos mergulhados. Pensamentos externos são aqueles cuja origem são as mentes de outras pessoas, que chegam até nós por telepatia. Ainda aqui a técnica meditativa de observar, com uma pequena adaptação, pode ser de grande utilidade. Observando os pensamentos que passam por nossa percepção, com o tempo, começamos a perceber padrões que se repetem. Esses padrões vão nos indicar as origens mais prováveis dos pensamentos, se externas ou internas.
Neste ponto um exercício que pode ajudar bastante é o que se poderia chamar de exercício de proximidade. Ele se baseia no campo de energia que normalmente rodeia as pessoas. Esse campo é mencionado por diversos místicos e esotéricos, e já foi medido por pesquisadores russos através de aparelhos eletrônicos sensíveis. Segundo a parapsicologia, que estuda fenômenos paranormais (alguns relacionados direta ou indiretamente com esse campo), ele se estende a cerca de 5 ou 10 metros de distância da pessoa que o gera. Pessoas com percepção bem treinada conseguem perceber esse campo a distâncias de até 15 ou 20 metros. Nele estão gravadas várias de nossas qualidades, emoções e, pensamentos. Também estão gravados nosso passado e nosso futuro, sendo justamente através dele que os videntes costumam fazer suas leituras, mas isso já é tema para outro texto. A habilidade de perceber esse campo é chamado, na parapsicologia, de Hiperestesia, e a habilidade de ler pensamentos por meio dele é chamado Hiperestesia Indireta do Pensamento.
Gostemos ou não, percebamos ou não, nosso campo influencia as pessoas a nossa volta e é influenciado por elas. Aprender a perceber esse campo e sua influência sobre nossos pensamentos (e emoções) é muito útil no desenvolvimento da habilidade de diferenciar pensamentos internos de externos. A prática é bastante simples: quando estiver conversando com outra pessoa, ponha-se em estado receptivo e limpe a mente, tentando não pensar em nada, prática desenvolvida nas atividades meditativas de observação. Tranqüilamente observe os pensamentos que passam por sua mente, sem questionar, sem qualificar, sem criticar ou elogiar, apenas observando e registrando. Num primeiro momento provavelmente não se consiga distinguir pensamentos mas apenas sensações ou emoções, elementos que são normalmente mais intensos e por isso de mais fácil percepção, tais como raiva, medo, alegria, afeto, etc. Com a prática constante e observação atenta começará a perceber, em sua mente, os pensamentos da outra pessoa, emanados pelo campo dela e induzidos no seu campo pessoal. Para esta prático, lembro, é fundamental limpar a mente da forma mais completa possível para evitar que seus próprios pensamentos, medos ou anseios, distorçam a leitura.
Depois que se conseguiu adquirir certa mestria em perceber padrões de pensamento através do exercício de proximidade podemos passar para uma atividade um pouco mais difícil, que é perceber padrões de pensamentos recebidos por telepatia, vindos de origens distantes no espaço. Uma vez que você já tenha identificado seus próprios padrões de pensamento e também as formas como outras pessoas influenciam seus padrões através da proximidade, pela observação atenciosa em momentos de prática meditativa, torna-se relativamente fácil perceber quando ocorre uma intrusão, em sua mente, de uma onda-pensamento externa. Logo que perceba o pensamento vagando em sua mente você notará que ele não segue seus padrões pessoais e, portanto, é de origem externa. Com mais prática será possível, também, identificar a origem desses pensamentos e, até mesmo,através de um estado constante de vigília, perceber qualquer onda-pensamento externa que chegue, vinda de qualquer origem e a qualquer hora.
Todo o procedimento aqui descrito é simples, embora não necessariamente fácil. Acredito não ser necessário mencionar a importância de se desenvolver tal habilidade, tanto no sentido de auxiliar a pessoas queridas, de forma próxima ou a distância, tanto quanto no sentido de autoproteção contra influências externas danosas, sejam de qual origem for. Influências insalubres pessoais, através do campo de pessoas bioenergeticamente desequilibradas, intencionais ou não, podem ser facilmente evitadas, evitando-se proximidade física com a pessoa, mas influências no campo mental, à distância, são particularmente perigosas porque são essencialmente invisíveis e não identificáveis.
Através das práticas mencionadas aqui pode-se desenvolver a habilidade de, a qualquer momento, perceber a chegada de ondas-pensamentos, e seus ecos correspondentes em nosso campo de bioenergia pessoal e nossa mente, no exato momento em que chegam, e tomar as providências cabíveis para a proteção psíquica. Também não preciso lembrar, creio, que pensamentos, mesmo que pareçam inofensivos num primeiro momento, depois de um certo tempo ecoando em nosso subconsciente e por conseqüência também em nosso campo bioenergético pessoal, podem influenciar de forma desfavorável nosso equilíbrio físico, prejudicando nossa saúde, e também nosso equilíbrio e bem estar mental.
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Zhannko Idhao Tsw
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··· Cada um vê nos outros aquilo que há dentro de si mesmo. ···
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