Por razões óbvias, confessar-se Bruxa (o) equivale a confessar-se como habitante do mundo encantado e mágico do universo. É tornar-se atemporal. O passado torna-se real e não um mero relato dos livros de história e dos autos religiosos. Nos tornamos uno. Partícula infinitamente pequena na grande engrenagem de um todo. Nos sentimos impulsores do sistema e assim, o verdadeiro sentido de responsabilidade e comprometimento passa a ser inerente ao nosso ser e a escrever a nossa história.
A nossa religião não se edifica apenas com o bom conhecimento das celebrações, ou como se usar corretamente este ou aquele instrumento, como também não deixa de ser forte com a falta de lugares sagrados da mesma forma, que é comprovadamente impossível se tornar uma bruxa(o) de verdade, sem uma iniciação sistemática, pois 70% do ensinamentos e vivências são transmitidos oralmente. Ela é forte e perene, quando no fundo da alma surgem os questionamentos sobre o sentido da vida e da morte. Das perguntas nas horas de insônia, em frente ao espelho, vislumbrando o mar, descortinando o inconsciente, se buscando. Enfim, se auto conhecendo.
Primeiro porque ao se conhecer se conhece a Deusa Mãe intrínseca na alma humana.
Segundo, porque ao encontrarmos a Deusa em nós, aprendemos a nos respeitarmos enquanto mulheres e homens. Desenvolvemos a ética, o respeito ao próximo, a civilidade, a cidadania. Aprendemos o valor da palavra dada.
Terceiro, estimulamos a sinceridade, a fidelidade e a generosidade em nós, e nas pessoas com quem convivemos, por entendermos nitidamente o valor dos relacionamentos entre os seres humanos.
Quarto, por respeitarmos, conhecermos e vivenciarmos as Tradições da nossa História e Religião, aprimoramos os nossos mais diversificados sentimentos em relação a todos os irmãos Bruxos.
Quinto, nos tornamos fieis aos nossos princípios por compreendermos a nossa trajetória no Planeta Terra.
Sexto, nos tornamos sensíveis aos fenômenos da natureza por vivenciarmos com a alma e o coração as nítidas transformações energéticas climáticas e geográficas, por nos sentimos participantes inatos deste sistema.
Sétimo, por nos conscientizarmos da máxima lei do Universo, que toda força, ao ser impulsionada segue o fluxo natural circular, dando a volta no Universo três vezes, retorna ao ponto impulsionador. Ou seja, quaisquer uma das forças emitidas: luz, pensamentos, intenções através de ações, palavras, energias, etc... voltarão ao ponto de partida, consequentemente a quem as emitiu, nos impomos o comprimento da lei tríplice: Faça o que quiseres desde que não prejudiques a ninguém, pois recebemos exatamente o que damos.
Oitavo, somos verdadeiramente livres por conhecermos e aplicarmos as leis do Universo. Ou seja: todos somos iguais no grande útero da Grande Mãe, o Planeta Terra que nos acolhe, assim, somos parte de todos os reinos da natureza, mineral, animal e vegetal.
Nono, desencadeamos em nossas almas e mentes a habilidade de manusearmos com as energias vitais do ambiente em que vivemos, a natureza, o que chamamos de magia.
Décimo, por conhecermos e usarmos a habilidade da magia, nos impomos uma conduta responsável para com a vida de maneira geral e concreta.
Décimo primeiro, por estarmos sempre atentos e estudarmos a “Ordem mundial”, seja social, econômica e política, criamos critérios para uma postura pessoal, coerente e defensora aos direitos humanos.
Décimo segundo, por temos sido vilmente execrados ao longo de dois mil anos de história, procuramos ao longo deste mesmo período negro da história humana, neutralizar todo e qualquer preconceito, de qualquer ordem e origem.
Décimo terceiro, por termos sido vítimas do poder machista desumano e arbitrário por dois séculos de poder masculino, procuramos desenvolver e estabilizar o poder do feminino, através da tomada de consciência da verdadeira missão da mulher no Planeta Terra, que é a procriação, o acolhimento, a plenitude através do amor pleno e a formação de mulheres e homens mais livres e conscientes para a formação de um mundo melhor e de sociedades mais justas para se viver no futuro.
O que na realidade está ocorrendo agora e com freqüência, é que as mesmas perguntas em relação aos Deuses do passado se articulam agora, travestidas, por meios de comportamentos existências das mais diversas formas sociais.
Promessas terapêuticas de paz individual, de harmonia íntima, de liberação das angústias , esperanças de ordem social . De uma sociedade mais justa e igualitária, de resoluções das lutas entre os homens e de harmonia com a natureza. Por mais disfarçados que estejam os que usam do jargão psicoanalítico/ psicológico, ou da linguagem da sociologia, da política e da economia, as máscaras disfarçam apenas a sua verdadeira cara, para aqueles que não estão preocupados em brotarem sua própria semente e renascer de forma simples, sem forçar o racionalismo, sem rótulos deste ou daquele segmento. A Bruxaria está totalmente intrínseca a nossa experiência pessoal. Muito, mas muito mais do que possamos perceber e admitir. Se somos verdadeiramente bruxos, somos desde que nascemos, nos iniciando em covens ou não, simplesmente somos.
Quando estudamos a nossa religião, e nos iniciamos nos caminhos da Deusa, estamos apenas olhando ao longo de uma janela que por algum tempo a mantivemos fechada, e que neste momento, a abrimos para vislumbrarmos o panorama externo, que os nossos olhos pararam de ver pelo simples fato da janela está fechada. A consciência dos Deuses em nós é "autoconsciência". O conhecimento da Deusa, em toda a sua potencialidade é auto conhecimento. A antiga religião é solene ao desvelar os tesouros verdadeiros do homem, do seu oculto, que é a revelação íntima dos seus segredos de amor.
E quero acrescentar: e que tesouro oculto não é religioso? não religa o homem a alguém ou a alguma coisa? Amar , viver em estado de amar é exercer plenamente a religião da Deusa. E que confissões íntimas de amor não estão grávidas de Deuses? E quem seria esta pessoa vazia de tesouros ocultos e de segredos de amor?
O OCULTO É MERA E EXCLUSIVAMENTE UMA QUESTÃO DE PRESERVAÇÃO E O ESTÍMULO PARA A SAGRADA BUSCA.
Graça Azevedo / Senhora Telucama Suma Sacerdotisa do Templo Casa Telucama
Ser Neopagão é estar na Terra, e tê-la dentro de si mesmo.
Abençoados sejam
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