sexta-feira, março 31, 2006

Estabelecendo contato com a Deusa



Ritual de PERSÉFONE

Realize esse ritual no último dia da lua minguante e enquanto ela estiver no signo de Virgem.

Você precisará de:
1. uma romã
2. folhas secas de manjericão
3. uma tigela pequena de cerâmica com um punhado de terra fresca
4. seu caldeirão com água pela metade
5. um punhado de alecrim fresco
6. duas velas negras
7. um punhado de sal marinho
8. flores do campo.

Vista uma roupa negra, mas que não seja calça comprida. Dê preferência a algo bem solto, uma túnica, por exemplo. Comece o ritual traçando um círculo com o sal marinho. Coloque água fervendo no caldeirão até sua metade e despeje delicadamente as ervas dentro dele. Deixe o aroma do alecrim e do manjericão penetrar seu corpo. Acenda as duas velas, ladeando o caldeirão, diante do qual colocará o pote com terra; espalhe as flores dentro do círculo. Com o seu atame, trace um pentagrama no ar e, depois, sente-se dentro do círculo, diante do caldeirão, voltada para o norte e deposite o atame à sua frente. Você já deve Ter reparado que a romã não foi colocada dentro do círculo. Ela deve permanecer o tempo todo que durar a visualização sobre seu altar ou, no caso de não possuir um, sobre uma mesa limpa.

Relaxe lentamente, procurando coordenar sua respiração com as batidas cardíacas. Enquanto respira, procure fixar seus olhos na fumaça que sai do caldeirão e tente acompanhar o seu trajeto. Aos poucos seus músculos estarão descontraídos e você terá a sensação de estar voando. Visualize, então, um campo de trigo. Note que ele se assemelha a um grande oceano, cujas ondas se agitam ao bater do vento. Deixe seu corpo ser levado ao longo do campo pela suave ondulação que a brisa provoca. Repare que um lindo falcão descreve sinuosas curvas no céu, e você, por um instante, parece estar observando uma velha bordadeira confeccionando a concha de casamento de alguma princesa. Num dado momento, o falcão descerá ao campo, como se procurando algo. Observe.

Note que ele vem vindo na sua direção. Não tenha medo. Ele pousará na sua mão esquerda, e, de seu bico, sairá uma chave de ouro. Você ficará imóvel por um instante, e logo a ave alçará vôo e desaparecerá entre as nuvens. Na sua mão restará apenas a chave. Guarde-a e continue a explorar o campo de trigo. Depois de Ter andado bastante, encontrará uma bela mulher que lhe dará um lindo baú de carvalho. Pegue a sua chave e abra o delicado baú. Dentro haverá um espelho de prata. Mire-se e nele verá refletido o seu rosto. A mulher ficará a seu lado por alguns minutos e depois sairá caminhando lentamente pelo campo. Siga-a, e chegarão a uma pequena clareira. Fique do seu lado externo, onde o trigo está plantado. A clareira se abrirá devagar, até formar um buraco que docemente engolirá a magnifica dama. Numa fração de segundos o buraco se terá transformado num pequeno lago de águas cristalinas. Terão sumido o baú e a chave; restando em sua mão apenas o espelho, que você deverá jogar na água; tente, então, localizá-lo, espiando da margem do lago.

Continuando a busca, você verá que cada espelho reflete um rosto, estando o seu refletido apenas no que você jogou no lago. Quando o encontra e o pega, uma intensa onda de felicidade a envolve. Abandone a visualização e desfaça o círculo com seu atame. Recolha tudo e embrulhe as velas, as flores, as ervas e o sal, e deposite esse material usado ao pé de uma grande árvore. Pegue, então, a romã e, antes de comê-la, repita três vezes este encantamento:

Falcão do campo sagrado
Tua chave eu recebi,
Perséfone me deu um agrado
E no espelho me descobri
Que no lago eu me veja
Que a sombra se desfaça
E que assim seja
E assim se faça.

Por meio desse ritual, estabelecemos contato com nossa verdadeira identidade, que, desde muito cedo, aprendemos a camuflar, chegando a ponto de esquecer totalmente a nossa verdadeira face. Na bruxaria reaprendemos a nos ver com os olhos do Falcão e recuperamos as passagens que nos levam à identidade perdida. Para nos resgatar, entretanto, é necessário estabelecer o olhar para o outro, pois só assim podemos nos reconhecer completamente. Olhar apenas para si próprio não leva ao resgate da identidade, porque ela implica, necessariamente, disponibilidade para com os outros seres. Foi por amor ao ser humano e toda a natureza que Perséfone retornou à Terra e estabeleceu um pacto com sua mãe, permitindo que todos os seres vivos recuperassem o alimento de que tanto precisavam. A Deusa, enquanto Perséfone mostra-nos que só pelo amor ao outro florescemos. Tente realizar esse ritual pelo menos quatro vezes por ano e nunca deixe de realizá-lo durante a primavera, estação de Perséfone.

quarta-feira, março 29, 2006

Perséfone - O Mito


Na mitologia grega, Perséfone ou Koré corresponde à deusa romana Proserpina ou Cora. Era filha de Zeus e de Deméter, tendo nascido antes do casamento de seu pai com a deusa Hera.Quando os sinais de sua grande beleza e feminilidade começaram a brilhar, em sua adolescência, chamou a atenção do deus Hades que a pediu em casamento. Zeus, sem sequer consultar Deméter, aquiesceu ao pedido de seu irmão. Hades, impaciente, emergiu da terra e raptou-a levando-a para seus domí­nios (o mundo subterrâneo), desposando-a e fazendo dela sua rainha.Sua mãe, ficando inconsolável, acabou por se descuidar de suas tarefas: as terras tornaram-se estéreis e houve escassez de alimentos, e Perséfone recusou-se a ingerir qualquer alimento e começou a definhar. Deméter, junto com Hermes, foram buscá-la ao mundo dos mortos (ou segundo outras fontes, Zeus ordenou que Hades devolvesse a sua filha). Como entretanto Perséfone tinha comido algo (uma semente de romã) concluiu-se que não tinha rejeitado inteiramente Hades. Assim, estabeleceu-se um acordo, ela passaria metade do ano junto a seus pais, quando seria Koré, a eterna adolescente, e o restante com Hades, quando se tornaria a sombria Perséfone. Este mito justifica o ciclo anual das colheitas.
Perséfone é normalmente descrita como uma mulher de cabelos claros, possuidora de uma beleza estonteante, pela qual muitos homens se apaixonaram, entre eles, Pírito e Adônis. Foi por causa deste último que Perséfone se tornou rival de Afrodite, pois ambas disputavam o amor do jovem, mas também outro motivo era porque Afrodite tinha inveja de sua beleza. Embora Adônis fosse seu amante, o amor que Perséfone sentia por Hades era bem maior. Os dois tinham uma relação calma e amorosa. As brigas eram raras, com excepção de quando Hades se sentiu atraído por uma ninfa chamada Menthe e Perséfone, tomada de ciúmes, transformou a ninfa numa planta, destinada a vegetar nas entradas das cavernas, ou, em outra versão, na porta de entrada do reino dos mortos.
Entre muitos rituais atribuí­dos à entidade, cita-se que ninguém poderia morrer sem que a rainha do mundo dos mortos lhe cortasse o fio de cabelo que o ligava à vida. O culto de Perséfone foi muito desenvolvido na Sicí­lia, ela presidia aos funerais. Os amigos ou parentes do morto cortavam os cabelos e os jogavam numa fogueira em honra à deusa infernal. A ela, eram imolados cães, e os gregos acreditavam que Perséfone fazia reencontrar objectos perdidos.Conta-se, ainda, que Zeus , o pai da Perséfone, teve amor com a própria filha, sob a forma de uma serpente. Apesar de Perséfone ter vários irmãos por parte de seu pai Zeus, tais como Ares, Hermes, Dioní­sio, Atena, Hebe, Apolo, entre outros, por parte de sua mãe Deméter, tinha apenas um irmão, Pluto, um deus secundário que presidia às riquezas. É um deus pouco conhecido, e muito confundido com Plutão, apelido de Hades, e também o deus romano que corresponde ao mesmo.

terça-feira, março 28, 2006

Credo da Bruxa


Que eu seja como a que tece pano na floresta, profundamente escondida.
Que eu possa fazer o meu trabalho sem interrupção.
Que eu seja uma exilada, se este é o sacrifício.
Que eu conheça a procissão sazonada do meu espírito e do meu corpo e possa celebrar os quartos em cruz, soltícios e equinócios.
Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima, nas árvores desenhadas no céu luminoso.
Que eu possa acariciar flores selvagens, cobrí-las com as mãos.
Que eu possa libertá-las, sem apanhar nenhuma, para viver em abundância.
Que meus amigos sejam da espécie que ama o silêncio.
Que sejamos inocentes e desprendidos.
Que eu seja capaz de gratidão.
Que eu saiba ter recebido alegria, como o leite materno.
Que eu saiba isso como o meu gato, no sangue e nos ossos.
Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor, em canções que soem como o aroma de alecrim, como todo o dia e na antigüidade, erva forte da cozinha.
Que eu não me incline a auto-integridade e a auto-piedade.
Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da terra e dos círculos de pedra, como raposa ou mariposa e não perturbar o lugar mais que isso.
Que meu olhar seja direto e minha mão firme.
Que minha porta se abra àqueles que habitam fora da riqueza, da fama e do privilégio.
Que os que jamais andaram descalços não encontrem o caminho que chega a minha porta.
Que se percam na jornada labirintica.
Que eles voltem.
Que eu me sente ao lado do fogo no inverno e veja as chamas brilhando para o que vier e nunca tenha necessidade de advertir ou aconselhar, sem que me peçam.
Que eu possa ter um simples banco de madeira, com verdadeiro regozijo.
Que o lugar onde eu habito seja como uma floresta.
Que haja caminhos e veredas para as cavernas e poços e árvores e flores,animais e pássaros, todos conhecidos e por mim reverenciados com amor.
Que minha existência mude o mundo não mais nem menos do que o soprar do vento, ou o orgulho do crescer das árvores.
Por isso, eu jogo fora a minha roupa.
Que eu possa conservar a fé, sempre!
Que jamais encontre desculpas para o oportunismo.
Que eu saiba que não tenho opção e assim mesmo escolha como a cantiga é feita,em alegria e em amor.
Que eu faça a mesma escolha todos os dias e de novo.
Quando falhar, que eu me conceda o perdão.
Que eu dance nua, sem medo de enfrentar meu próprio reflexo.